No início desse mês foi divulgada a pesquisa anual realizada pela VersionOne em conjunto com a APNL (Agile Project Leadership Network) sobre a situação atual do Desenvolvimento Ágil no mundo. Foram mais de 1700 entrevistados em 71 países. Pelo menos 30% dos entrevistados atuam em empresas com mais de 250 funcionários.
A pesquisa não serve para avaliar a penetração dos métodos ágeis no mercado de TI de modo geral, mas dá uma idéia de como as pessoas os têm implementado em suas empresas.
Dois números me chamaram a atenção:
O Scrum aparece em aproximadamente 70% dos projetos como metodologia utilizada; ou sozinha, ou associada a alguma outra, como XP por exemplo.
82% dos entrevistados afirmaram usar uma ferramenta de issue tracking em seus projetos. Em termos de ferramenta, é o maior percentual, ganhando de ferramentas de testes e de integração contínua. Isso certamente é reflexo da simplificação no uso de ferramentas que os métodos ágeis propiciam.
Porquê Scrum?
Eu justificaria essa adoção em massa ao Scrum, analisando os seguintes pontos:
O Scrum é muito simples de entender e é um ótimo primeiro passo para a entrada no mundo Ágil;
Seu público-alvo é formado por quem tem poder de decisão para influenciar seus projetos (gerentes e líderes)
É muito bem documentado;
Não sugere práticas que gerem resistência inicial;
Não interfere diretamente nas práticas de desenvolvimento já utilizadas pela equipe que o adota;
E aquilo que eu acho que teve o maior peso: Hoje o Scrum já movimenta um mercado de consultorias, treinamentos, certificações, eventos e papers. E tal mercado vem sendo muito bem administrado pela Scrum Alliance.
Apesar das críticas iniciais ao modelo de certificação utilizado pela Scrum Alliance, minha impressão é que é esse modelo que vem trazendo cada vez mais pessoas e empresas para buscarem conhecimento e treinamento sobre o assunto. Hoje as empresas não costumam apostar seu futuro em algo que não seja apoiado por algum tipo de empresa ou instituição atuante.
Talvez seja uma boa lição para outras metodologias e para a própria Agile Alliance. Apesar de haver a necessidade legítima de se manter a natureza "open-source" do movimento, é importante que alguma instituição sem fins lucrativos possa servir de referência comercial para o mercado em geral.
O DSDM tem um modelo semelhante, mas o seu Consortium bem estruturado não foi capaz de vencer uma maior complexidade conceitual da metodologia e sua atuação mais contundente em alguns países europeus.
É um tema polêmico, eu sei. Mas se deu certo para o Scrum, porque não daria para as outras metodologias?
9332c720-a388-4e0c-8260-721860123b7a|0|.0